*por Djalma Moraes.
Ser educado, gentil, atencioso e colaborativo, nem sempre é suficiente diante dos desafios de um período em que, acostumados à dar toques na tela, ou encontrar tudo pronto, não se preocupando em desenvolver o espírito de busca e a coragem para enfrentar os desafios, muitos acabam por transferir tais responsabilidades a outras pessoas, e estes, muitas vezes, acabam por acumular atribuições, se sobrecarregando de trabalhos, se desgastando física e mentalmente.
Eu também tenho dificuldade em dizer não, o que já me causou vários problemas por querer assumir responsabilidades maiores do que a minha capacidade, simplesmente por não querer desagradar ninguém. Isto se torna um peso, que muitas vezes, nos cobra preço altíssimo. Conheci muitas pessoas que se tornaram endividadas, sofrendo grandes prejuízos por não dizerem simplesmente: Não!
A capacidade de conhecer nossos próprios limites, nos permite evitar correr riscos desnecessários. A coragem de não temer desagradar outras pessoas é muito importante para que possamos ser bem sucedidos em nossas empreitadas. Há uma pequena história que se conta sobre uma disputa entre formigas para ver qual delas subia mais alto em uma árvore, a maioria mal passou da metade, somente uma conseguiu chegar ao topo, o seu segredo era ser surda. É preciso que sejamos surdos a pedidos que possam nos tirar do nosso objetivo principal, que nos afastem de alcançar o sucesso em nossos projetos. Nossas mães, esposas, filhos, pais, irmãos, namorados, namoradas, sabem como tocar o nosso sentimento e provocar um sentimento de culpa, que também carregamos para outras situações, quer seja, no trabalho, nas relações que estabelecemos, isto é muito doloroso! Ficamos com a sensação de que se não atendermos o que nos foi pedido, estaremos cometendo alguma falha pessoal e perderemos a consideração e o respeito por parte de quem nos pede algo.
Toda relação é uma troca de compromissos mútua. Quando ela se torna uma via de mão única, alguém poderá estar se sacrificando mais do que o necessário. Algumas pessoas acabam por aceitar e se acostumar com tal situação, se tornando vítimas de sua própria condição, sendo que, para elas, as coisas dão erradas, estão sempre sobrecarregadas, sofrem a dor que pertence aos outros, incapazes de dizer, simplesmente: Não!
Dizer não é uma arte que poucas pessoas conseguem dominar muito bem. Dizer não é parte de nosso crescimento, nos ajuda a discernir limites e nos traz segurança ao definir o que é certo ou errado ou até mesmo, despertar o auto conhecimento. Pena, que nós, latino americanos, não aceitamos que discordem de nossas opiniões ou não adotamos uma maneira polida e educada para discordar de alguém, isto gera conflitos e discordâncias, que podem gerar problemas ainda maiores.
Dizer não, se torna uma necessidade em um mundo onde o excesso de ofertas de possibilidades acaba dificultando a capacidade de escolha e tomada de decisão. Dizer não, nos torna mais fortes e capazes de liderar ou conduzir pessoas ao melhor que podem ser. Uma história bonita diz respeito ao “Dream Team”, equipe de jogadores profissionais de basquete que marcaram uma época e deram show na olimpíada de Barcelona 1992. Em determinado momento dos treinamentos, eles em comum acordo decidiram dizer não ao favoritismo e treinar como se estivessem jogando para salvar as próprias vidas. Cada treino eram uma verdadeira batalha em que, cada um dava o máximo de si, cada cesta era comemorada como se fosse a cesta o título, cada roubada de bola, bloqueio (toco), era festejado como se tivessem superado o mais forte dos inimigos, e assim foi, conquistaram o título com tal maestria que até hoje, boa parte dos aficcionados não consegue esquecer dos seus feitos ou de seus nomes.
Então? Que tal, dizer não para aquelas situações que não acrescentam nada à nossa vida?
Que tal, dizer não para pessoas que vivem pedindo cada vez mais e dando cada vez, menos?
Que tal, dizer não para nossa preguiça de buscar mudanças significativas em nossa existência?
Que tal, dizer não à nossa falta de fé diante de um momento tão desafiador, quanto o atual?
Que tal, dizer não à tudo que nos impede de sermos mais humanizados, sensíveis e empáticos?
O desafio está lançado!
*Djalma Moraesé Sócio Consultor da MQS Consultoria e Treinamento Empresarial, Diretor da ABRH-SP Regional Baixada Santista, Psicólogo, coach, instrutor e consultor em RH e Empreendedorismo.